terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Bridget, Bridget, Bridget Jones.


O novo livro de Bridget Jones: Louca pelo garoto.


PS: Este texto contém muito, muito "spoiler".

     Terminei de lê-lo no início desse mês. E notei que uma coisa estava fervilhando na minha cabeça.
Primeiramente, os acontecimentos que todo mundo sabe mesmo antes de ler estão no topo das minhas discussões internas.

     A morte de Mark Darcy (Mr. Darcy!) é a principal questão, fato do livro: como Bridget sobrevive sem ele, como sobreviveu e como viverá "feliz" sem ele? À priori, parece, àqueles que não leram uma frase do livro - assim como eu antes de me entregar à essa nova experiência -, que é o fim. Não tem como construir uma história com Bridget sem o "Her Heart".

     Todavia, Helen Fielding consegue fazer um livro inteiro nesse universo aparentemente obscuro e infeliz sem Mark. Esse novo mundo é na verdade a realidade de pessoas comuns sobrevivendo sem maridos e esposas, nada mais normal no mundo: perdas emocionais.
     Confesso que estava relutante em lê-lo, mas as primeiras páginas te faz entrar na mente da nossa heroína desconfigurada ( ou será, configurada à nossa atualidade?)  que segue a vida.

     Irrita-me ouvir as pessoas dizendo ou pior escrevendo que Bridget retorna ao seu Diário. Não! Ela nunca se separou dele, a autora nos trás apenas a perspectiva do tempo que ela deseja mostrar: Bridget quatro e cinco anos após a morte do esposo. Sinceramente, não seria muito indicado passar uma mulher com dois filhos pequenos, viúva de um cara mais que perfeito e totalmente depressiva. Onde estaria a graça e irônia, divertimento e esperança numa história dessa???? O estilo alegre, controlador de peso e opinião alheia, busca de um parceiro e grandes dilemas atuais são o marco da personagem. Com uma narração fúnebre nada poderia deixar isso alegre a saltitante.

     A tática de mostrá-la cinco anos depois com um namorado (30 anos!) é perfeitamente hilário e surpreendente, isso nos faz (fez a mim) aceitar sem críticas muito pesadas o rumo da história. Há vida depois da morte, depois da morte de Darcy, se houve para Bridget, há para você leitora.

     Encerrando o primeiro tema, eis minha opinião: H. F. optou por matar o Mr. Darcy para dar seguimento a sua
história, entretanto esse viés que a história segue soa pra mim como uma maneira um tanto quanto fácil para o enredo (não repercussão), só com a morte de companheiro que Bridget se vê obrigada a adentrar ao mundo cotidiano dos solteiros novamente. H. F. poderia ter deixado Mark viver? Creio que sim, mas a história teria que ser  mais elaborada para fazer-nos sentir que continuaria sendo Bridget, aquelas mesmas nota  notas no diário de 18 anos atrás. Na cabeça da autora, a morte faz sentido. Que graça teria ver um casal de 50 anos de classe média alta criando os filhos numa vida monótona? PS: Aposto que com Bridget isso poderia ser muito engraçado, mas a ideia te convence? Pense sobre isso....

     Segundo Tema: O GAROTÃO DE 30 ANOS!!!!! (que é 10 anos mais velho que eu.....)
Achei muito legal o envolvimento deles, o garotão a propósito se chama Roxster que Bridget conhece pelo twitter e que sua nova amiga Thalitha também conhece. Basicamente ele é sexy, engraçado, jovem, bonito, com uma barriga de tanquinho e movido a comida ( é... vocês me entenderam, no duplo sentido mesmooo) que caiu do céus da graça da internet para animar a frígida @JonesinhaBJ. Acho muito empolgante esse personagem. É a partir dele que  ela cresce e meio que passa pelas fases até se ver de novo na posição que está. É anti-clichê esse relacionamento: MULHERES MAIS VELHAS PODEM SE RELACIONAR COM HOMENS MAIS NOVOS, tudo depende deles mesmos. Ponto Final.
PS: É meio que sedutor o nome de Bridget no twitter, se remete ao relacionamento dela com Daniel Cleaver( a única coisa que comento como ele é bom amigo e babá dos seus afilhados).

     Terceiro: Filhos, ou será, PIOLHOS E VERMES?
Bill e Mabel são ótimas crianças, só que a mãe está meio desorientada, eu também me sentiria sem o Mark. E um ponto interessante o que autora nos fornece aqui. Mark não faz falta pelo fato de ser o patriarca da família, ele faz falta por ser quem ele foi, quem completou Bridget por quase 13 anos e pai daqueles filhos que nunca saberão ao certo a identidade pessoal e própria do pai. Gostei muito das partes que remetem a isso.

     Nesse ponto se você não leu o livro, não leia mesmo! Não quero acabar com sua surpresa e capacidade de análise.

     O Mr. Wallaker é o novo Fitzwillian do momento! Ele é bombadão, bonitão: estilo Daniel Graig, bronzeado( nem lembro disso, mas é minha visão dele) e sempre zoa com a cara da Bridget, sempre a faz parecer idiota.

      No fim ele desempenha o mesmo papel do Darcy, confesso com menos glamour e mais direto.
E tem-se o impasse aqui, a verdadeira razão desse texto: como os estereótipos se repentem em três livros da Bridget.

     Lembra-se que essa história foi inspirada em "Pride and Prejudice" de Jane Austen e que no primeiro da série a mãe de Bridget foge com Julian roubando todo o dinheiro reserva dela e do seu marido, Colin, e que é Mark que intercepta-os trazendo-os de volta à Inglaterra e conserta todas as merdas por Bridget? No segundo, Bridget fica preso na Tailândia (a cena dela cantando"Like a virgin" da Madonna ) e quem a salva? MARK!!!!

     Nesse terceiro livro, o Mr. Wallaker representa toda a estabilidade que Bridget tinha com seu antigo marido, ele não a salva de maneira mundialmente conhecida e nem da vergonha dos comentários dos vizinhos e conhecidos: ele simplesmente ajuda-a nos momentos simples, dando um apoio que ela sente falta. Nunca ele será o legítimo amor de Bridget, mas chega perto.

    Os três livros são semelhantes mas EU AMO ASSIM MESMO!
Acho que Bridget é cada e toda mulher ocidental. Mesmo que acho que não são todas que se envolvem múltiplas vezes com homens perfeitos ( a lei Maria da Penha comprova isso), ela representa o sexo feminino: não ridiculamente, nem loucamente. Simplesmente é uma mulher que tem a vida, tem ar nos pulmões apesar de ser feita de papel e tinta.

Realmente adorei,

Tamara Camilo.



Um comentário:

  1. Que análise ótima e divertida! Conseguir sentir sua empolgação daqui! hahaha' Muito bom!

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